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Café Palestra Outubro Rosa, todos unidos pela saúde das mulheres

Um time de mulheres deu um show de sensibilidade e empatia no Café Palestra Outubro Rosa, realizado na noite de 27 de outubro na sede do CRA-PR. Alinhado com a campanha mundial de conscientização, prevenção e combate ao câncer de mama, o encontro, cuidadosamente planejado em várias etapas pela Câmara da Mulher Administradora, foi uma importante oportunidade para trocar experiências, compartilhar iniciativas e tirar dúvidas sobre a doença, que hoje é o tipo de câncer que mais mata mulheres no Brasil.

Logo após a abertura do evento, a primeira a discursar foi a Adm. Roselis Mazzuchetti, vice-presidente do CRA-PR, com uma reflexão sobre a importância da mulher para a sociedade e sua valorização. Ela lembrou de quando, no início da careira como administradora, recebia salário 30% inferior ao de homens que ocupavam o mesmo cargo, uma marca incontestável do machismo estrutural que ainda nos ronda. Para finalizar, reforçou a necessidade de promover a união para multiplicar informações sobre prevenção da doença.

A segunda participação foi da Adm. Joice Fabricio, que destacou que a saúde do público feminino deve ser uma preocupação não apenas delas, mas também dos homens, “uma forma de retribuição ao jeito inclusivo de ser da mulher, que naturalmente se preocupa com todos à sua volta”, salientou. Reforçando a importância de a mulher ocupar o seu espaço na sociedade, a Adm. Joice citou que elas “são 51% da sociedade brasileira, mas ocupam apenas 14% dos cargos de CEO no país e 13% dos cargos eletivos, uma prova da grande desigualdade que ainda existe e que deve ser combatida com esforços coordenados entre os diversos setores da nossa sociedade”.

Vivências compartilhadas

Impossibilitada de comparecer ao evento por estar se recuperando de um procedimento cirúrgico, a Adm. Liz Daiane, conselheira do CRA-PR da cidade de Londrina, fez questão de gravar um vídeo para dividir a sua história. Após a realização de uma histerectomia, ela intensificou o acompanhamento médico e o monitoramento da saúde, para identificar qualquer alteração corporal que pudesse apresentar. Foi assim que descobriu, em uma ressonância magnética, uma massa tumoral nos ovários, o que permitiu a retirada dos órgãos ainda na fase inicial do problema.

Ela lembrou que os cuidados com a saúde da mulher devem envolver um olhar mais amplo. Apesar da alta ocorrência do câncer de mama, outras doenças potencialmente graves devem ser investigadas com regularidade. A Adm. Liz concluiu: “Prestem atenção em todo o corpo, todo o seu organismo, seu metabolismo. Espero que a minha experiência contribua para aumentar a atenção sobre todos os sinais que o seu corpo emite.”

Em seguida, quem contou a sua história foi a Adm. Maristela Andreola. Ela começou a sentir desconforto e dor nas mamas, que sempre tiveram gânglios e irregularidades, enquanto cuidava da irmã, que estava com câncer de pulmão, o que fez os sintomas serem relacionados com estresse. Porém, como sempre foi atenta ao seu corpo, três meses depois percebeu que havia algo diferente e buscou um mastologista, que reforçou a importância de conhecer o próprio corpo para identificar anomalias e a indicou a ressonância magnética, que detectou o câncer de mama. A evolução da doença foi muito rápida.

Dois meses depois, em fevereiro de 2021, começou a quimioterapia, que a preparou para a cirurgia realizada em julho. Como tantas outras pacientes, a Adm. Maristela perdeu os cabelos: “Estávamos no início da pandemia, por isso eu não tinha compromissos, não recebia visitas e não precisava ir para a rua, então não precisei me expor enquanto não tinha cabelo. Mesmo assim, fui em busca de uma peruca e percebi o quanto elas têm preços inacessíveis para boa parte da população, o que é mais uma dificuldade para quem está enfrentando esse tipo de tratamento”.

Prestes a realizar a 17ª de 26 sessões de radioterapia e usando um expansor, que a prepara para receber a prótese definitiva, a Adm. Maristela está se sentindo bem e avança para a recuperação completa. Ela deixa um recado: “Mulheres, conheçam o corpo de vocês e fiquem alertas. Isso fez a diferença no meu caso e ajudou a identificar o problema em uma fase em que o tratamento teve melhores resultados”.

Preocupadas em ajudar ao próximo

Camila Casagrande é uma empreendedora social que foi convidada para contar como criou o Instituto de Cultura, Arte e Novas Tecnologias de Curitiba – Incanto, que transforma a vida de crianças e adolescentes de comunidades carentes por meio da arte e da tecnologia. O Incanto faz um trabalho descentralizado, enviando professores ONGs parceiras – casas-lares ou projetos sociais de contraturno escolar –, além de toda a estrutura e suporte para que os voluntários possar ministrar as aulas. Hoje, o grupo possui um espaço cultural, e seu quadro é formado por 85% de mulheres, que ocupam cargos de liderança e são um exemplo da força feminina em posições de gestão.

Para conhecer o Instituto Incanto, clique aqui.

Outro caso de empreendimento social comandado por uma mulher é o Instituto Atitude na Cabeça, criado por Suely Maria Baldan. A ideia inicial ajudar uma única mulher que havia perdido os cabelos em um tratamento de saúde e nunca mais parou. Ela foi recebendo cada vez mais cabelos e pedidos de perucas até que resolveu montar o Instituto, que hoje atende pacientes de 14 patologias que fazem perder os cabelos, entre homens, mulheres e crianças.

Em vez de doações, o Instituto consegue recursos com a venda de artigos de artesanato, disponíveis em seu site e redes sociais. Suely reforça que seu trabalho não tem no restante do ano a mesma visibilidade que recebe em outubro, mas há pessoas precisando de apoio em todos os meses.

Para conhecer o Instituto Atitude na Cabeça, clique aqui.

Então, foi a vez de Simone, voluntária que se deu conta de que poderia contribuir com ONGs com o que sabia fazer: atuar na área contábil. Porém, depois de oferecer ajuda, foi ela quem precisou de apoio, quando descobriu um nódulo na mama. Após o procedimento de retirada, começou a sentir muitas dores, que não estavam passando com medicação, pois seu corpo precisava de tempo para se adaptar à falta daquele tecido no local de onde foi tirado, até que veio a solução: uma almofada em forma de coração oferecida pelo Instituto Atitude na Cabeça que é encaixada debaixo do braço, o que organiza a postura e elimina a dor, uma ideia simples, mas com resultados extraordinários.

Hora de tirar dúvidas e aprender mais sobre prevenção

A última apresentação da noite foi da doutora Maria Cristina Figueroa Magalhães, oncologista clínica, professora, chefe de residência em Oncologia Clínica e diretora científica da Associação Amigas da Mama (AAMA). Ela esclareceu que o câncer de mama é a doença oncológica que mais mata mulheres no Brasil, diferente do que ocorre em países em que o diagnóstico precoce é mais comum, o que comprova a importância da mamografia como forma de reduzir os impactos da doença na população. Porém, aqui, um problema atrapalha o diagnóstico: “Há uma incidência muito grande de mulheres que fazem os seus exames, mas nunca aparecem para buscar os resultados e apresentar aos médicos. Isso impede que o correto tratamento seja realizado e representa um risco grave à saúde do público feminino”, revela.

A médica compartilhou algumas dicas de prevenção ao câncer, que também servem para doenças cardiológicas. Segundo ela, é fundamental evitar bebidas alcoólicas e cigarro, combater o sobrepeso, principalmente na menopausa, e realizar atividades físicas. Quem tem melhor preparo físico e emocional tende a ter uma recuperação melhor.

Ao final de sua apresentação, a doutora Maria Cristina aproveitou o momento e se ofereceu para tirar dúvidas dos presentes. Acompanhe algumas das perguntas feitas e aproveite para se informar melhor sobre o câncer de mama.

– Próteses de silicone atrapalham os resultados da mamografia?

Dependa da posição em que a prótese foi colocada. A melhor é a que fica atrás do músculo, que deixa os tecidos expostos à mamografia. Apenas a análise do resultado pode responder se o exame foi suficiente ou se preciso o uso de uma técnica complementar.

– A mamografia é suficiente para detectar a doença?

Ela é o método mais recomendado, porém o câncer de mama pode se desenvolver muito rapidamente, o que significa a doença pode aparecer no intervalo entre um exame e outro. Então, a presença de alguma anormalidade pode ser descoberta pela própria paciente, pois é ela quem melhor conhece o próprio corpo, mas o autoconhecimento, apesar de ser um indicativo, jamais vai substituir os exames preventivos.

– Tenho pânico de mamografia, pois sinto dor e incômodo. Ela pode ser substituída por outro exame?

Ela é o exame que realmente funciona. O ultrassom de mama complementa o resultado, mas não pode substituir a mamografia, pois apenas ela detecta microcalcificações, um estágio antes dos nódulos que permite descobrir a doença em um estágio muito inicial.

– O câncer de mama pode ser indicativo de que a pessoa vai ter a doença em outros órgãos?

Os hereditários contabilizam a menor parte dos casos – cerca de 10%. O desenvolvimento de um câncer geralmente é um acontecimento aleatório e imprevisível, por isso é importante controlar os fatores externos que podem desencadear a doença.

Ao final da noite, o público presente interagiu e trocou contatos, o que esperamos que seja o início de mais inúmeras parcerias e colaborações.

 

Agradecemos a presença de:

  • Ana Claudia Serrato Krüger, presidente do Instituto Paranaense da Mulher Contabilista (IPmconti).
  • Gisele Martins Machioski, vice-presidente do IPmconti.
  • Denise Maria de Oliveira, vice-presidente de Relações Sociais do Conselho Regional de Contabilidade do Paraná.
  • Mariana Lopes, presidente do Conselho da Mulher Advogada da OAB-PR.