agosto 26, 2020

Para os ADMs, “2020 é o ano das oportunidades”

O “Mercado de trabalho para o Administrador” foi o tema da palestra do segundo dia da Jornada Acadêmica de Administração, evento realizado pelo Conselho Federal de Administração (CFA), por meio da Câmara de Comunicação e Marketing, para aproximar o estudante do Sistema CFA/CRAs. O assunto foi apresentado pelo administrador, professor e pesquisador Douglas Veit. Segundo ele, 2020 tem sido um ano desafiador, mas também cheio de oportunidades. “A crise gerada pela pandemia da Covid-19 agitou o mercado e fez o setor avançar muitos anos, fazendo a gente mudar a forma como trabalhamos”, disse. Já no início da palestra, Douglas destacou que o administrador é um profissional completo, pois conhece a organização como um todo. “É um dos poucos cursos que possibilitam isso. Temos, então, grande vantagem se soubermos usar esse diferencial”, explicou. Citando a frase “As mudanças são tão profundas que, na perspectiva da história da humanidade, nunca houve um momento tão potencialmente promissor ou perigoso”, dita por Klaus Schwab, o palestrante voltou a falar do atual momento, alertando para o perigo de ficar parado em tempos de crise. “Isso não é novo, a gente já passou por outras situações semelhantes”, falou. Em seguida, Douglas apresentou um histórico das revoluções industriais que o mundo já enfrentou. A atual, chamada de Revolução 4.0, é muito centrada no uso da tecnologia. “Temos que enxergá-las como uma oportunidade, pois isso será uma constante. E o mercado de trabalho precisa de profissionais proativos, que respondam com rapidez e agilidade a todas essas transformações. Os proativos estão na frente daqueles que apenas reagem”, alertou o administrador. Ainda durante a palestra, Douglas mencionou que as transformações vão continuar acontecendo, mas em uma velocidade cada vez maior. A pandemia acabou por acelerar muitas mudanças e, para o futuro, ele acredita que não haverá mais profissão. Segundo o palestrante, o mercado de trabalho avaliará muito mais a competência do que a formação propriamente dita. “Não se contentem apenas com as lições de Taylor ou Fayol. Vão adiante”, sugeriu ele aos mais de 260 estudantes que acompanharam o segundo dia da Jornada. “Apesar dos desafios, os administradores e os futuros profissionais de administração precisam perceber as coisas boas que estão acontecendo nesta pandemia. O home office, por exemplo, trouxe muito mais qualidade de vida; o ensino a distância tornou-se uma possibilidade viável e que pode atrair muito mais pessoas para o ensino superior. Essas coisas precisam ser mantidas”, afirmou. Com relação ao futuro, as áreas que estarão em alta são ligadas à administração como Finanças e Gestão de Pessoas. Contudo, para atuar nesse mercado, cinco habilidades são fundamentais: estar antenado aos avanços tecnológicos, pensamento crítico, gestão de pessoas, inteligência emocional e flexibilidade cognitiva. Por fim, Douglas lembrou que a tecnologia não é meio, mas fim e orientou que todos buscassem usá-la, pois elas vão aumentar a competitividade dos profissionais. “Tudo mudou e mudou exatamente agora. Vocês são o futuro da gestão no Brasil, são vocês que  vão mudar isso. Por isso, vamos nos preparar, pois o mercado nos exige preparação e constante mudança”, aconselhou o palestrante. Perdeu a palestra do segundo dia? Clique aqui e confira o conteúdo na íntegra. A Jornada Acadêmica de Administração termina amanhã, 27 de agosto. Serão emitidos certificados de participação para todos que fizerem a solicitação por meio do link, que será divulgado no chat, ao final do evento. Mais informações clique aqui. Ana Graciele Gonçalves Assessoria de Comunicação CFA

Carreira em nuvem promete agilidade, inovação e integração

Teoria ensinada nos cursos de administração, a pirâmide das necessidades pessoais, de Abraham Maslow, dá uma pista sobre o que tem ocorrido no mercado de trabalho, brasileiro e mundial, em relação à rotatividade (turnover) nas empresas. O modelo traz a ‘realização pessoal’ como o ápice entre os anseios básicos que motivam o ser humano. Com a superação das outras necessidades (fisiológicas, segurança, afetividade-pertencimento e estima-reconhecimento social) previstas por Maslow, a humanidade passou a buscar fatores relacionados à autorrealização. Publicações de consultorias como Manpower Group e Mckinsey, indicam tal realidade. De acordo com relatórios das duas instituições, o aumento de profissionais da geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) no mercado de trabalho mudou, de vez, a maneira como as pessoas encaram emprego e negócio. O pesquisador e CEO da empresa de recolocação de carreira Produtive, Rafael Souto, estuda há 25 anos o mercado de trabalho e conta que aumentou a procura por autorrealização no trabalho, em relação ao salário, cargo ou perfil de empresa. “Quando você olha os principais fatores de perdas de talentos, vemos várias pesquisas que mostram a razão para isso. A última que nós fizemos, por exemplo, apontou que mais de 50% das pessoas trocam de empresa quando não veem mais perspectiva de carreira”, contou. Criador do conceito de ‘carreira em nuvem’, Souto explica que o termo se refere a mudanças estruturais nas rotinas de trabalho, relação de hierarquia e posteriormente à remuneração. Na prática, o colaborador passaria a integrar um grupo de trabalho heterogêneo — com pessoas de diversos setores da empresa — a fim de desenvolver novos produtos, conceitos e resolver problemas existentes na organização. Tudo começa por meio de projetos, tais como hubs, squads ou grupos multifuncionais. Neles, os funcionários têm entregas específicas e objetivas, bem como se organizam por meio de sistema orgânico (vivo e dinâmico), que roda em paralelo ao sistema de carreira tradicional (linear). “Imagina que você está em uma empresa como coordenador financeiro, e esse é seu cargo na estrutura linear. Em paralelo, em algumas horas do dia ou da semana, presencial ou virtual, você se envolve em um projeto de transformação digital da empresa e trabalha nesse hub (projeto) 3h por semana para discutir a transformação digital. Essa é a carreira em nuvem”, exemplificou. Segundo o idealizador do conceito, o maior benefício é proporcionar ao funcionário novos conhecimentos à carreira, tornando-o polivalente e apto a experimentar outras áreas. “Além disso, propicia sair da rotina, dar vazão à criatividade, mostrar sua bagagem pessoal e profissional, além de aumentar crescimento dentro da organização”, diz. Empresas como Spotify, Amazon e, no Brasil, a Mercur e o grupo Votorantim já adotaram a prática. Os resultados, segundo Souto, em termos de inovação já são perceptíveis, bem como a capacidade de formar novas lideranças. Cuidados necessários Para a superintendente de gestão de pessoas da Valec Engenharia, Danyelle Barreto, a carreira em nuvem torna a empresa mais atrativa e bem vista externamente. Também aumenta as possibilidades oferecidas ao trabalhador de tornar-se referência no mercado. Assim como Rafael Souto, ela ressalta, no entanto, que o modelo não é para todos. “Esse tipo de carreira, em nuvem, deve levar em consideração o perfil do profissional e as competências comportamentais inerentes a cada indivíduo. Para os mais arrojados pode ser maravilhoso, mas para os mais conservadores pode ser um pesadelo”, analisa. Danyelle acredita que a estrutura organizacional também deve estar preparada para receber tal modelo. Segundo ela, a cultura da empresa deve ser propícia e os trabalhos bem mapeados e estruturados por projetos. A superintendente considera que é fundamental haver flexibilidade, autonomia e automatização de processos — para tornar a vida do colaborador mais leve, ágil e dinâmica. “As vantagens dizem respeito ao crescimento e protagonismo frente aos caminhos possíveis, mas é preciso fazer essas características conversarem em direção ao que se pretende, ao implementar a carreira em nuvem”, pondera. Souto concorda e afirma que a implementação exige definição de regras a serem seguidas, antes e durante o processo, bem como tempo para maturação do programa. Ele crê, ainda, que é preciso fazer antes um teste piloto com parte dos funcionários e somente depois aumentar progressivamente a escala do projeto. “Não é tão simples implementar, mas o retorno é significativo. Também não acredito que as empresas vão migrar totalmente para os modelos flexíveis, mas diante do que temos visto, entendo que esse é o futuro do trabalho”, sentenciou. Por Leon Santos – Assessoria de Comunicação CFA

Conheça a realidade por trás da crise e o que fizeram aqueles que lucram com ela

Ninguém sabe ao certo quando a pandemia vai acabar, mas já é possível constatar parte do estrago que o microrganismo tem deixado na economia brasileira. Segundo pesquisa do Sebrae, em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), 45% das micro e pequenas empresas, brasileiras, tiveram que interromper as operações temporariamente e 3,2% fecharam as portas em definitivo. O mesmo estudo revela que 88,7% dos empreendimentos tiveram seu faturamento diminuído, com queda estimada em 64,2%, em média. Ainda atordoados com o baque, 53% das empresas ainda não realizaram qualquer tipo de medida para contornar o cenário e esperam que o cenário melhore. “Esse é um problema que o Sebrae já previa. Temos estimativas de que 60% das empresas que não tiverem o e-commerce desenvolvido até 2025 irão desaparecer”, revelou Lucas Hahn, coordenador estadual de comércio e mercado do Sebrae-PR. Segundo Hahn, as empresas devem reagir imediatamente. Ele ressalta que os consumidores buscam por entrega em domicílio, distanciamento social e questões ligadas à higiene para evitar contaminação. Na visão do coordenador, agora é o momento de investir em tais segmentos, ou agregá-los ao negócio, de forma a atender às necessidades do mercado. Reforça que a sociedade está mobilizada em consumir produtos e serviços de empresas que têm lógica social e trabalham em prol da população. “O público está sensibilizado em ajudar o comércio local que está em seu bairro, porque ele sabe da importância disso para a manutenção das suas necessidades atuais, durante a quarentena. Essa é uma tendência, por isso esse relacionamento deve ser cultivado”, recomenda. Ainda segundo o coordenador do Sebrae-PR, os empresários precisam concentrar esforços na área financeira para verificar quais são seus custos fixos, quanto deve na praça e quanto irá faturar por mês. Ele recomenda prestar atenção quanto à lógica de arranjo de pagamentos, negociação de contas a pagar e a receber e, sobretudo, não cancelar os pedidos já realizados pelos clientes. Hahn também ressalta a importância de reforçar a estratégia de marketing e vendas, aumentando a divulgação dos negócios na internet. Ele destaca que se até o momento o empresário não percebeu a necessidade da internet nos negócios, é hora de buscar informações e passar por reciclagem profissional. “Há diversas opções de informação, tais como cursos on-line, palestras, lives com especialistas, capacitações, materiais (em texto, vídeo, e-books e cartilhas) para capacitação. Isso nas mais diversas áreas como: marketing, vendas, gestão, área financeira, legislação, gestão de pessoas, entre outras. Existem, inclusive, cursos sobre como vender produtos nas redes sociais, guia de gestão financeira e como implantar um e-commerce, por exemplo, basta saber procurar”, recomendou. Oportunidades O administrador e empresário Sidney Zynger, da empresa Bling, vê na crise não um problema, mas uma oportunidade de ocupar um espaço no mercado, deixado por aqueles que não se prepararam para revolução tecnológica atual. Ele acredita que a médio prazo a normalidade irá voltar, mas as vendas em diferentes canais — tendo a internet como carro-chefe — vieram para ficar. Para Zynger, o momento requer entender o novo comportamento do consumidor e investir em marketing digital, gestão, vendas e logística 4.0. Além disso, ele recomenda investimento em automação, tanto para os negócios em pontos (praças) físicos ou em comércios on-line. Ele conta que sua empresa tem trabalhado forte com a integração entre e-commerces e Marketplaces. Destaca a importância de modernizar as empresas com instalação de PDVs inteligentes, certificação digital, notas fiscais (eletrônicas e físicas), integração com os Correios e gestão de estoque. “Acredito que toda hora é momento de mudar. Se você não mudar, seu concorrente irá fazer isso, sairá na frente e, com toda certeza, poderá pegar os seus clientes”, alertou. Ao seguir uma das máximas da Economia de que o dinheiro não desaparece, apenas muda de um local para outro, o CEO da empresa Menu, Leonardo Almeida, viu na crise uma oportunidade de crescer. Ele conta que seu negócio — na área de intermediação entre indústrias de bebidas e estabelecimentos comerciais, como bares e restaurantes — de um dia para outro viu 80% de sua clientela ser obrigada a fechar as portas, em razão da pandemia. Com a queda também de seu faturamento, ele percebeu que era preciso investir em outras frentes para não ser dependente apenas daquele segmento. Além de investir em negociação com minimercados, ele foi buscar clientela em outros estados do Brasil. Almeida conta que esforço valeu a pena. Por isso, investiu em maneiras de conseguir descontos de produtos para os minimercados, bares e restaurantes (em locais onde o isolamento foi flexibilizado e estão funcionando) e fidelizar a clientela das indústrias que são suas parceiras. “Saímos de uma adversidade gerada pela pandemia, e não apenas recuperamos a nossa receita anterior à crise, como também batemos o nosso faturamento histórico. Em momentos como esse, é importante investir em pessoal qualificado, pois ninguém faz nada sozinho, e, sobretudo, fazer a leitura correta do que está acontecendo no mercado”, avalia. Por Leon Santos – Assessoria de Comunicação CFA FacebookTwitterLinkedInWhatsAppFacebook MessengerPrintFriendly