Mulheres cientistas: equidade, desafios e conquistas

Mais de 700 pessoas de todo o país prestigiaram o primeiro dia do III Fórum das Mulheres da Administração. O evento on-line, promovido pela Comissão Especial ADM Mulher do Conselho Federal de Administração (CFA), começou na noite desta terça-feira, 24, e visa oportunizar conhecimentos relacionados às áreas de atividade da profissional de Administração e contribuir para a ampliação da atuação dessas mulheres no mercado de trabalho. A solenidade de abertura contou com a apresentação do Grupo BR6, que encantou a todas e todos com o hino nacional brasileiro. Em seguida, a coordenadora e a vice-coordenadora da Comissão, Cláudia Stadtlober e Ione Salem, respectivamente, fizeram breves discursos enaltecendo a importância do Fórum. Ione lembrou que o grupo ADM Mulher se fortaleceu durante a pandemia. “Começamos esse movimento digital com quatro mulheres: uma do Rio Grande do Sul, outra do Paraná, outra do Rio Grande de Norte e uma do Ceará. Conversávamos e trocávamos ideias e experiências vividas nos CRAs. Conseguimos mobilizar mulheres do Brasil inteiro e o movimento começou a ganhar corpo e forma. Decidimos oficializar o grupo ADM Mulher no CFA e o nosso propósito é integrar as mulheres da Administração e fortalecer sua presença em vários espaços. Fizemos muitas lives e, hoje, o movimento está em todo do país, em todos os estados”, disse. Em seguida, Cláudia falou da satisfação em ver o resgaste da história do ADM Mulher feito pela Ione. Segundo ela, é uma “honra muito grande ter esse momento, mesmo que virtual, para que todas as colegas da Administração sintam o calor dessa ocasião e, principalmente, olhar a representação desse grupo que acredita nesse projeto e confia no nosso trabalho incansável”, afirmou, lembrando daquelas que, lá atrás, iniciaram esse movimento. Mulheres na ciência A primeira noite do III Fórum das Mulheres da Administração focou no trabalho e engajamento de mulheres que estão fazendo história no campo científico. As convidadas para falar do assunto foram a professora titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e diretora da Academia Brasileira de Ciências, Márcia Barbosa, e a neurocientista, doutora em Fisiologia e professora associada na Universidade Federal do Pampa (Unipampa), campus Uruguaiana-RS, Pâmela Billig Mello Carpes. Márcia começou falando da importância de ter mulheres em todos os espaços. Como uma típica cientista, ela embasou suas falas ao longo do evento por meio de dados. Para a professora, a diversidade gera empresas mais inovadoras e disruptivas. Com relação à equidade, a pesquisadora chamou a atenção para o fato de que as mulheres perdem a ambição ao longo da carreira e esse desinteresse não acontece por causa da maternidade ou do marido. “Despenca por causa do ambiente de trabalho, que tira delas o seu local de fala”, alertou. Ela também destacou o que chamou de quatro “Es”: evidências, eficiência, equidade e empatia. “Eu olho o mundo procurando por evidências e elas mostram que temos poucas mulheres na Física e que o percentual delas cai ao longo da carreira; que para termos uma sociedade eficiente nós precisamos ter diversidade e isso só se conquista transformando nossos ambientes com equidade e o combustível para toda essa transformação é a empatia”, defendeu Márcia. Pâmela, por sua vez, ratificou as evidências mostradas pela colega, lembrou que as mulheres são sub representadas em todos os lugares, mas que na Física essa disparidade é ainda mais forte. Na sua apresentação, ela mostrou uma campanha na ONU Mulheres que brincou com a ideia de um desenho antigo, chamado “Onde está Wally?”. As imagens trazem diversos ambientes de trabalho, principalmente de tecnologia e ciência, e o desafio é encontrar mulheres neles. “Há uma série de motivos que levam a pouca participação feminina nesses ambientes. Estudos mostram que no início da vida acadêmica temos mais mulheres, e depois vai caindo. Mulheres que são mães, por exemplo, deixam a carreira antecipadamente”, afirmou. A neurocientista destacou também que ainda há muitos estereótipos de gênero. As questões do trabalho doméstico, por exemplo, ficam mais a cargo das mulheres e um estudo mostrou que, no Brasil, 26% acham que o homem que fica em casa para cuidar dos filhos é menos homem. “Isso contribui para a distribuição desigual do trabalho doméstico”, ressalta. Com relação à maternidade, Pâmela diz que um estudo mostrou que, em um grupo de pessoas com currículos e habilidades iguais, quem tem filhos é preterido. Porém, o homem que é pai ainda é visto como um diferencial; já a mulher que é mãe não é vista com a mesma sensibilidade. Para mudar essa realidade e fomentar a participação feminina no universo da ciência, principalmente daquelas que são mães, ela passou a integrar o grupo Parente in Science falou de como a pandemia da Covid-19 ressaltou as desigualdades de gênero. “As mulheres cientistas que são mães também vivenciaram um impacto ainda maior. Nós, do Parent in Science, publicamos uma carta mostrando essa realidade, fizemos um levantamento de dados com quase 15 mil cientistas brasileiras e eles revelam, de fato, esse impacto”, falou. Em seguida, as participantes responderam inúmeras perguntas do público. O evento continua nesta quarta-feira, 25, e segue até amanhã, 26. Para conferir o primeiro dia do III Fórum das Mulheres da Administração, clique aqui. Ana Graciele Gonçalves Assessoria de Comunicação CFA
Planejamento tem valor ressaltado em pandemia

Readequação de planejamento, valor agregado e análise correta de cenário marcam sucesso dos que lucraram Para o empreendedor de verdade, todo momento pode ser utilizado para reinventar-se e aproveitar oportunidades que aparecem — mesmo em contextos adversos ou inesperados. No caso da pandemia não é diferente. Vista por muitos como a maior crise comercial e financeira de todos os tempos, enquanto alguns calculavam prejuízos, outros viram no período de isolamento uma oportunidade de mudar seu portfólio e se adequar à nova realidade e lucrar. Exemplos não faltam e vão desde a fabricação de máscaras de pano — produzidas por pequenas confecções até grandes fábricas de roupas —, passando pela telemedicina e delivery de produtos diversos. Um dos exemplos de visão de oportunidade foi da empresa brasileira de cosméticos Hinode. Lançado em abril, o gel higienizante Sens Naturals conquistou o mercado por fazer a mesma função do álcool utilizado em mãos, porém foi além, quando transformado em loção. De acordo com o porta-voz e vice-presidente de desenvolvimento de produtos da empresa, Alessandro Rodrigues, o produto é sucesso por apresentar, com qualidade, diferentes funções no mesmo item. Voltado para toda a família, o gel caiu no gosto popular e logo chamou atenção para outros produtos da marca. “As fragrâncias são um dos principais carros-chefes da Hinode. Aliada a estratégias de descontos na compra de kits e em bonificação, mesmo com pouca divulgação, a linha obteve crescimento de 200%, com 850 mil unidades do gel vendidas até agosto”, revela. Lições Para o administrador e pesquisador da UFRGS, Carlos Alberto Rossi, o desafio atual das empresas é reajustar suas finanças e adequar-se rapidamente ao cenário formado após a chegada da pandemia. Com planejamentos eficientes, as empresas que obtiveram êxito e cresceram apresentaram inovação e diferenciais frente às necessidades dos consumidores. Em termos de oportunidade, para Rossi ficaram duas lições. A primeira diz respeito ao fundamento de estratégia empresarial e de governança corporativa, ao jamais desprezar os riscos do negócio: seja em maior ou menor probabilidade de ocorrência. Milhares de empresas ignoraram o potencial de dano econômico da pandemia, no início da crise. Quando quiseram reagir, já tinham perdido a maior parte de sua receita e não possuíam mais capital de giro, o que resultou em dívidas impagáveis e em ciclo irreversível de perda. O segundo aprendizado remete à necessidade de refinar o planejamento empresarial. Segundo Rossi, ele deve conter as análises de cenários (com suas consequências), a concepção e execução de estratégias empresariais, afinadas com os recursos e capacidades da empresa. Para o administrador, nas crises mais agudas, como a atual, fica evidente não apenas a existência de tais conceitos como também sua aplicação prática, caso as instituições estejam despreparadas. “Alguns erros de empreendedores que iniciaram atividades durante a pandemia podem estar relacionados a dimensionamentos equivocados de demanda e deficiência em seus planejamentos”, analisa. Gostou? Leia o restante desta matéria e também outros assuntos na RBA 138. Por Leon Santos – Assessoria de Comunicação CFA
Sem Logística, E-commerce não funciona

Setor cresce no Brasil e é responsável pelo sucesso de vendas durante isolamento Estratégica para o desenvolvimento de países e empresas, a logística mostrou a força de seu protagonismo durante a pandemia de Covid-19. O crescimento do e-commerce deixou claro que mesmo com as facilidades de vendas via internet, a trajetória comercial só tem êxito quando o produto chega às mãos do consumidor, e é aí que entra a logística. De acordo com pesquisa denominada “Perfil do E-Commerce Brasileiro”, realizada pelas empresas Pay Pal Brasil e Big Data Corp, antes da pandemia era esperado crescimento de 15% a 18%, nas vendas on-line. No entanto, com a pandemia, o índice bateu os 40,7% — número que pode ser relacionado, também, ao setor de logística, em virtude da dependência do comércio eletrônico ao transporte das mercadorias. Classificada como processo administrativo que reúne desde a coleta (de insumos e produtos finais), armazenagem, controle de fluxo, planejamento de rotas e transporte, a logística se moderniza a cada dia e é diferencial competitivo em todo o mundo. Por meio dela, empresas como Amazon e Mercado Livre se tornaram alguns dos principais players durante o isolamento social. De acordo com o administrador especializado em logística, Manuel Oliveira, o setor engloba o abastecimento e a distribuição de materiais, tanto em regiões urbanas quanto no campo (rural). Ele destaca que ainda que o abastecimento de mercadorias não seja o núcleo estratégico (core business) de uma empresa, fazer o produto chegar de forma íntegra (sem danos), e no tempo estipulado, se torna fator-chave e diferencial para a imagem e reputação da empresa. Para Oliveira, o e-commerce não apenas foi potencializado pela pandemia, como veio para ficar. O setor depende, no entanto, do desenvolvimento da logística, que por sua vez passa pelo melhoramento das redes de transportes presentes no Brasil — assunto que envolve o poder público. Arraigado, sobretudo, no modal rodoviário, a falta de diversidade de transporte encarece o preço final dos produtos e tira a competitividade das empresas brasileiras, em âmbito nacional e internacional. Ao apresentar dados da organização Ilos (de logística), ele ressalta que além de o Brasil ter dimensões continentais, também apresenta tipos de vias completamente diferentes entre si: algumas com potencial natural que tornariam mais barato o escoamento das mercadorias. “O Brasil movimentou 61% de suas cargas pelas rodovias — considerando os TKUs movimentados (tonelada-quilômetro útil) —, sendo que no mesmo período 21% das cargas seguiram pelo modal ferroviário, 12% por cabotagem (transporte marítimo costeiro), 4% por dutos (utilizado para substâncias líquidas e gases), 2% por hidrovias e menos de 1% pelo modal aéreo. Existe aí um desperdício de oportunidade, pois deveríamos diminuir a dependência de apenas um modal, e utilizar outros que são muito mais baratos”, analisa. Leia o restante desta matéria, na revista RBA (ed. 138). Por Leon Santos – Assessoria de Comunicação CFA.