Balanço de final de ano: tempo de reflexão e mudanças

Chega ao fim mais um período gerencial do Conselho Federal de Administração (CFA). A gestão do biênio 2019-2020 foi marcada por muitas lutas e desafios, mas também houve muitas vitórias. Ao vencermos as eleições do CFA, no início de 2019, rompemos com um modelo de atuação autocrática e iniciamos um novo período. Com a gestão compartilhada, eu e o vice-presidente Rogério Ramos inauguramos um novo jeito de gerenciar o CFA, focado no compartilhamento de ideias e no diálogo. Os diretores passaram a ter autonomia para desenvolver seus projetos e o presidente assumiu uma postura de coordenação e liderança. Óbvio que isso exigiu de todos uma corresponsabilidade, pois as decisões foram compartilhadas. Contudo, esse modelo também trouxe muito mais transparência e a descentralização da gestão proporcionou confiança e liberdade a todos da equipe. Quando abrimos as portas para a multiplicidade e a diversidade, empoderamos e instigamos cada célula do nosso sistema a contribuir com sua parcela, para que o êxito fosse sempre coletivo e nunca pessoal. Foi com este sentimento de apoio, união e solidariedade que demos início ao biênio 2019-2020. Não foi fácil vencer todas as barreiras que encontramos. Recebemos um CFA com um sério problema financeiro. Foi preciso ajustar as contas, adotar uma posição austera para balancear o planejamento e garantir a sobrevivência da autarquia. Tivemos que assumir uma postura firme e rígida inclusive quando foi necessário intervir no CRA-PA que, por anos, também foi liderado por pessoas descomprometidas com a ciência da Administração. Ao final da intervenção, devolvemos para os profissionais de Administração um CRA limpo, renovado e pronto para recomeçar, desta vez, da maneira correta. Apesar das limitações econômicas, potencializamos o programa de Certificação Profissional em Administração e demos continuidade e ampliação a projetos importantes como o Índice CFA de Governança Municipal (IGM-CFA) e o Sistema CFA de Governança Planejamento e Gestão Estratégica de Serviços Municipais de Água e Esgotos (CFA-Gesae); o reforço das ações de fiscalização e a parceria importante com a Secretaria Nacional de Política sobre Drogas do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Senad/MJSP), que já começou a render bons frutos para o Sistema CFA/CRAs e para a Justiça; o fortalecimento das ações de comunicação que culminou, inclusive na mudança de nome da antiga Câmara de Desenvolvimento Institucional para Câmara de Comunicação e Marketing; a retomada de parceria internacionais com a Organização Latino-americana de Administração (OLA), com a Organização das Nações Unidas (ONU), com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e com a Organização Mundial de Saúde (OMS); a expansão do Sistema Eletrônico de Informações (SEI) para os regionais e do portal modelo, que trouxe uma identidade única para os sites dos CRAs; entre outras iniciativas. Ao final de 2019, ainda com um orçamento apertado e sob a ameaça da Proposta de Emenda à Constituição n.º 108 de 2019, que dispõe sobre a natureza jurídica dos conselhos profissionais, decidimos pausar alguns projetos a fim de estarmos prontos para períodos muito difíceis. Contudo, não sabíamos que 2020 viria com uma pandemia. A chegada da Covid-19 nos pegou de surpresa e impôs novos desafios ao CFA. A doença provocou não apenas mortes de vidas, mas também o fim de muitas empresas e empregos. A receita do Sistema CFA/CRAs que já estava comprometida ficou ainda mais delicada. Rapidamente, solidários às vítimas da pandemia, decidimos adiar o pagamento da anuidade e o prazo para negociar débitos com os CRAs. Nossos colaboradores foram dispensados para o teletrabalho e cancelamos toda a nossa agenda de reuniões e eventos presenciais. Por falar em eventos, todos aqueles previstos para 2020 foram reagendados para o ano seguinte. Por meio de aplicativos, promovemos reuniões a distância e tomamos importantes decisões em home office. Nosso trabalho não parou nenhum segundo e continuamos focados em promover a profissão e, inclusive, foi durante esta crise que criamos um projeto que ajudou muitos pequenos negócios a enfrentar a pandemia: “Administrador e Empreendedor: unidos no fortalecimento dos negócios“. A proposta ofereceu consultorias gratuitas para microempreendedores individuais (MEIs), microempresas (MEs) e empresas de pequeno porte (EPP) que estavam enfrentando dificuldades para superar a crise. A ideia deu tão certo que entregamos a proposta para os CRAs, que passaram a executar o projeto em seus estados, cada um com suas especificidades e realidades. O fato é que não paramos. Foi preciso realizar alguns ajustes, inclusive no quadro de colaboradores do CFA, por meio de um programa de demissão voluntária, a fim de equilibrar as contas da autarquia, que ficou ainda mais sensível com a pandemia. Não foram decisões fáceis, mais foram medidas dialogadas com o plenário e com os servidores da casa, provando que a gerência compartilhada também incluiu aqueles que, independente da gestão, seguem no conselho dando apoio à presidência, à diretoria e aos demais conselheiros na execução dos projetos e ações voltadas para a profissão. Aos poucos, vamos retomando as nossas atividades presenciais, com todos os cuidados sanitários para garantir a segurança dos colaboradores e dos conselheiros federais. Chegamos ao fim de uma gestão difícil, porém não foi impossível. Enfrentamos um déficit orçamentário, ameaças do legislativo que, a cada dia, apresentava propostas de lei para enfraquecer os conselhos das profissões regulamentadas e, por fim, uma pandemia com proporções sem precedentes. Foi preciso ousadia para enfrentar tudo isso e as nossas próprias limitações. Porém, lutamos, nos superamos, vencemos. Tornamos-nos ainda mais resilientes. E, com orgulho, entregamos este Relatório de Gestão que registra todas as ações adotadas no biênio 2019-2020. Aproveitamos a oportunidade para agradecer todos os presidentes dos CRAs, os conselheiros federais e regionais e os colaboradores do Sistema CFA/CRAs. Estamos certos de que fizemos um bom trabalho e, certamente, a próxima gestão do Conselho Federal de Administração receberá uma autarquia melhor e mais forte. Feliz Natal e um 2021 mais feliz para todos e todas! Adm. Mauro Kreuz Presidente do CFA Adm. Rogério Ramos Vice-presidente do CFA
GESTÃO DE NEGÓCIOS EM TEMPOS DE PANDEMIA, E AGORA?

Estamos passando por momentos difíceis com muito medo e insegurança devido a Pandemia da COVID-19, e com as empresas não poderia ser diferente, os impactos são grandes e imediatos. A grande maioria das regiões do país já emitiram decretos de restrição às atividades, como a determinação de fechamento de bares, academias, estabelecimentos de beleza, etc. Em outras já se sente uma enorme queda no consumo trazendo uma desaceleração da economia local, nacional e mundial. O Governo tem anunciado uma série de medidas para reduzir o impacto da pandemia para as empresas, algumas delas já editadas e em funcionamento e outras dependendo ainda de publicação e regulamentação. Dentre as medidas já anunciadas destaca-se a postergação do prazo de pagamento do FGTS por 3 meses (publicada através da MP 927 de 22/03/2020), postergação do prazo de pagamento do Simples Nacional por 3 meses (publicada através da Resolução do Comitê Gestor do Simples Nacional nº 152/2020), redução de 50% nas contribuições do Sistema S por 3 meses (Sistema S é o nome convencionado para chamar o conjunto de empresas de interesse de categorias profissionais como SESI, SENAI e SESC), simplificação das exigências para a contratação de crédito e dispensa de documentação (CND) para renegociação de créditos. O Governo ainda facilitou o desembaraço para os insumos e matérias primas industriais, permitiu e ainda está permitindo para as empresas que ainda não utilizaram desde recurso, a redução proporcional de salários e da jornada de trabalho em 25% ou 50%, de acordo com a regulamentação, sendo pago pelo governo o auxílio nesses percentuais sobre o valor da tabela do seguro de desemprego de acordo com o enquadramento da faixa salarial do colaborador. O Governo ainda proporcionou a possibilidade de antecipação de férias individuais e concessão de férias coletivas, o aproveitamento da antecipação de feriados e utilização de banco de horas para a compensação dos dias em que os colaboradores ficarem parados (publicada através da MP 927 de 22/03/2020). E agora? O que devemos fazer com a gestão dos negócios para enfrentar este grande desafio? Que ações estratégicas devemos tomar em nossas empresas neste momento tão turbulento?. Primeiramente é necessário seguir todas as determinações e instruções emitidas pelo governo e pelos órgãos de saúde, para que possamos contribuir na desaceleração da transmissão da doença e preservar vidas humanas. Na sequência, atenção com os custos e despesas incorridos na empresa, devemos equilibrar os custos dentro das condições de que a empresa apresenta de faturamento e reduzir as despesas no limite para o funcionamento das operações, eliminar os gastos sobressalentes e proteger o capital de giro. No segundo momento, relacionamos algumas ações emergenciais que poderão ajudar a sua empresa a passar por este momento turbulento, destacamos: acompanhar todas as alterações legais relacionadas a área fiscal e trabalhista em função das medidas emergenciais anunciadas, e de outras que poderão ajudar a sua empresa a passar por este momento difícil. Verificar quais colaboradores podem trabalhar home office (de casa), verificar os trabalhadores com férias vencidas e analisar a possibilidade de coloca-los imediatamente em férias, caso a empresa possa parar totalmente suas atividades, coloca-los em férias coletivas. Alterar turnos, horários e operações da empresa para evitar aglomerações ou grande fluxo de pessoal num mesmo local. Verificar a possibilidade postergação de pagamento de dívidas com bancos, fornecedores, etc, vários bancos já anunciaram a prorrogação e suspensão momentânea de dívidas. As empresas devem planejar o fluxo de compra de insumos pelo período de 90 dias, adequando à demanda observando o maior prazo de entrega ou escassez, projetar o fluxo de recebimentos e pagamentos pelo menos por 90 dias com base em cenários de queda de faturamento e demanda. Analisar o planejamento estratégico da empresa quando aos produtos, serviços, clientes, fornecedores, mercado e marketing. Os momentos ruins não são eternos, passaremos por este período de incertezas e inseguranças em pouco tempo, no entanto, a economia levará mais tempo para sua recuperação. Dessa forma, passado o período inicial e tomadas todas as medidas emergenciais, os empresários necessitam se dedicar mais a pensar no negócio e nas estratégias da empresa, buscando reduzir os efeitos negativos pós pandemia e aproveitar as oportunidades que venham surgir como: buscar incentivos fiscais através de regimes especiais de tributação, buscar a possibilidade de aproveitamento de créditos para redução imediata da carga tributária, analisar as operações, controle de processos e atividades visando sua adequação e otimização, desenvolver clientes, fornecedores e alianças estratégicas. Há um tempo determinado para todas as coisas, tudo passa !!! O administrador e professor Marcelo Rodrigues é mestre em Administração, Coordenador do Curso de Administração, Coordenador de Pós Graduação, Coordenador do Ciape – Centro Integrado de Apoio a Projetos Empresariais da Universidade Paranaense, unidade de Cianorte. É presidente do Codesc – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Cianorte e Delegado Regional do CRA/PR, Seccional de Cianorte.