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A forte ligação entre Administração, ciência, tecnologia e inovação

Depois de 16 de outubro ter sido escolhido como Dia da Ciência e Tecnologia, o Decreto n. 10.497/2020 instituiu outubro como Mês da Ciência, Tecnologia e Inovações no Brasil. Para comemorar essa data, que tem tudo a ver com Administração, publicamos um artigo no site do CRA-PR (para ler, clique aqui) e convidamos um time de especialistas no assunto para responder sete perguntas: os integrantes da Câmara de Gestão da Inovação e Tecnologia (CGIT) do CRA-PR, a começar pelo seu coordenador. Vamos conferir o que eles disseram?

Adm. Ailton Renato Dörl.

  1. O que o Dia da Ciência e da Tecnologia significa para o profissional de Administração?

É um bom momento para refletirmos sobre os avanços da nossa profissão como ciência e sua contribuição para o aperfeiçoamento das organizações. Ao mesmo tempo, é também oportuno para lembrar aos profissionais da área que precisamos estar cada vez mais atentos aos resultados de pesquisas e descobertas científicas e às ferramentas tecnológicas nas práticas de gestão.

Adm. Izoulet Cortez Filho

  1. Como a Administração pode usar a ciência, a tecnologia e a inovação a seu favor?

É importante notar que, por definição, a inovação, em especial a tecnológica, só se confirma quando o produto chega da dinâmica de pesquisa e desenvolvimento (P&D) ao mercado, gerando resultado econômico. O Índice Global de Inovação (IGI) é uma ferramenta importante que tem monitorado a inovação no mundo, em seus diferentes espectros. Por meio dele, é possível observar que há bons indicadores de P&D no Brasil, porém o país falha em fazer as tecnologias chegarem ao mercado, conforme análise da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) sobre a série histórica do IGI. Essas dificuldades se devem a diversos motivos, em especial associados à dificuldade em conectar a P&D ao mercado, ou seja, atender as dinâmicas de pesquisa e desenvolvimento para as necessidades e os problemas reais e a outras questões associadas, como a transferência tecnológica, que permita que o produto da P&D efetivamente chegue ao mercado. Esse desafio se traduz em gama de necessidades, como recursos humanos, para operar os ambientes e facilitar a dinâmica da inovação, assim como condições propícias, por exemplo a existência de marcos regulatórios e políticas públicas. Assim, as funções da Administração como ciência compõem a base de desafios existentes capazes de acelerar, potencializar e incrementar a dinâmica da inovação, seja atendendo aos requisitos de gestão, seja olhando para os desafios organizacionais e os modelos de negócio, entre outras questões capazes de trazer resultado econômico. Ao mesmo tempo, os sistemas de inovação cada vez mais necessitam da gestão ao seu favor para serem operados e atenderem a requisitos necessários de crescimento, por exemplo.

Iniciado em 2007, o IGI é um produto da colaboração entre a Organização Mundial da Propriedade Intelectual – do Instituto Europeu de Administração de Empresas (INSEAD), uma das melhores escolas de negócio do mundo – e a Universidade Cornell, nos EUA. No Brasil, tem a Confederação Nacional da Indústria (CNI) como ponto focal. Por sua vez, a MEI é um movimento lançado pela CNI em 2008 e conta com 300 lideranças empresariais e de instituições de todo o Brasil.

  1. Qual é o papel do profissional de Administração na gestão das inovações tecnológicas?

Como visto, a Administração tem um campo fértil na gestão dos sistemas de inovação para garantir a execução e os resultados na direção, por exemplo, de ampliar a transferência tecnológica a fim de favorecer o crescimento necessário à economia nacional. Também pode operar nos ambientes e habitats de inovação para garantir o seu funcionamento. Ainda, pode atuar nas organizações buscando inovar em modelos de negócios, potencializando crescimento de empresas, geração spillovers (empresas nascidas dentro de outras operações de negócio, pelo meio do transbordamento de novas operações) e gestão de startups, dentro de um pragmatismo de aceleração de crescimento com o intuito de estabelecer empresas de grande potencial de negócio. Outras questões potencialmente associadas estão no empreendedorismo, que está na base dessa nova economia, associando tecnologias e novos modelos de negócio buscando vantagens competitivas e comparativas no mercado. Enfim, há um amplo campo de atuação do profissional de Administração, em especial buscando o alto impacto da gestão das organizações.

Adm. Paulo Roberto Coimbra de Manuel

  1. Que ações o profissional de Administração deve tomar para não ser “atropelado” pelas Inovações tecnológicas?

Bem, como já foi mencionado, é preciso estar atento a o que acontece, principalmente no que concerne ao seu segmento. As propostas inovadoras surgem repentinamente e podem impactar os resultados de um negócio de forma profunda. Cercar-se de boas fontes de informação é fundamental, bem como participar de grupos de interesse que possam ser fontes de informação. Todos conhecemos histórias de sucesso de startups que surgiram oferecendo pequenos pedaços daquilo que grandes organizações mantinham dentro de um produto ou serviço, mas sem cuidar devidamente. A visão multidisciplinar é um nicho para os administradores ajudarem a encontrar essa “dor” que passa despercebida. Hoje, precisamos ter cuidados redobrados com o mercado, com os clientes e com os colaboradores.

  1. O que a CGIT faz para ajudar o profissional de Administração com as tecnologias e inovações?

A proposta da CGIT do CRA-PR é justamente contribuir para que os registrados conheçam e dominem novas tecnologias e que também estejam preparados para avaliar, selecionar e utilizar novas ferramentas para melhorar seus resultados. Isso é feito por meio de cursos, palestras e convênios com instituições especializadas. Também nos propomos a fazer a ligação dos administradores com os diversos ecossistemas de inovação do nosso estado, no intuito de inserir o profissional e a organização num ambiente inovador para que ele encontre seu papel nesse ecossistema. Vale lembrar que boa parte dos líderes de processos de sucesso no exterior são administradores.

Adm. Eloi Mamcasz

  1. Como as empresas devem se comportar diante das inovações?

Toda empresa, quando aberta, tem prazo indeterminado. Isso é, ao empreender, são intrínsecas a perenidade e a longevidade do negócio para uma jornada de muitos anos. A inovação é o combustível essencial para a continuidade das atividades, além de ser a principal forma de manter-se atuante no mercado com possibilidade de crescimento. Inovar em processos, cultura organizacional e nos produtos e serviços tem sido obrigatoriamente a postura adotada em empresas de destaque no mercado. É fundamental estar atento aos movimentos dos clientes e consumidores, tendo a inovação como principal força motriz de diferenciação, especialização e referência no segmento em que a empresa atua, consolidando maiores resultados financeiros na operação. Ficar sem inovar pode ser o principal motivo para o fechamento das atividades de uma organização.

  1. As inovações podem constituir um risco para as empresas? Como evitar que isso aconteça?

Tudo tem risco! E o maior risco que as empresas estão correndo é da possibilidade de dar certo! Ao administrador, cabe a competência da gestão da inovação a ser aplicada e muita responsabilidade em entender que a inovação é um processo que deve estar dentro da cultura organizacional, permitindo acolher iniciativas inovadoras de diversas frentes que compõem o negócio. A inovação deve ser acatada como uma novidade a ser implementada com planejamento que envolva a empresa toda, na busca de minimizar os efeitos adversos possíveis e otimizar a potencialização dos resultadas esperados a partir de implantação e aplicação da inovação, sempre com um olhar de previsibilidade ao crescimento, estabilidade e correções de desvios conforme o plano de ação estruturado para este fim.