Inovação é uma questão de sobrevivência para as companhias

Inovação é uma questão de sobrevivência para as companhias

Henrique Domakoski atualmente é superintendente geral de Inovação do Estado do Paraná e já foi vice-presidente de Novos Negócios da Associação Comercial do Paraná. Graduado em Administração de Empresas pela FAE e em Direito pela Faculdade Curitiba e pelo MIT Sloan School of Management, foi o fundador do maior brechó online do Brasil, o Troc. Nesta entrevista, ele fala sobre o ambiente inovador do Paraná e das necessidades dos profissionais e empresas que querem sobreviver neste mercado competitivo.

CONFIRA:

O  que é inovação em um ambiente empresarial?

Inovação por essência é qualquer coisa que você venha a fazer, seja processo, produto ou serviço, que traga uma melhoria ou benefício para o seu consumidor. Seja aumento de receita, no caso de companhias, ou no caso da qualidade do serviço prestado para o consumidor ou na redução de custo para economia da empresa. Tem esse ganho atrelado nessa nova forma de executar a ação. E que ela pode ser de uma maneira incremental ou disruptiva.

O que você considera “inovador” na área de Administração hoje em dia?

Para entregar processo ou produto inovador, para que isso seja perceptível na ponta, da forma mais rápida e menos custosa possível, existe uma série de metodologias ágeis e modernas que permitem isso. Muitas delas ficaram consolidadas já nas startups, e hoje são aplicadas em organizações. A maioria delas passa por um ciclo de construção de produtos, o que antigamente se demorava muito tempo, investia-se muito, hoje é feito de maneira mais rápida, prototipando, testando, validando com seu cliente final e isso permite com que se tenha um resultado na ponta de maneira mais ágil e mais barata.

Como estão as empresas no Paraná nesse quesito? Quais os pontos a melhorar?

O Paraná vem se destacando no cenário nacional no que tange a inovação. Falamos desde a inovação disruptiva, com novas startups, mas também de empresas tradicionais que têm se reinventado e inovado em todo o seu processo. E o grande desafio para que isso aconteça, principalmente, é a questão do mindset. É você principalmente aceitar o erro, saber que errar faz parte do processo. Com um erro controlado, para que você aprenda com ele e com ciclos rápidos possa corrigir e cada vez criar produtos e serviços melhores para o consumidor final.

Quais são os desafios e oportunidades para os administradores em se tratando de inovação?

A inovação deixou há tempos de ser um diferencial competitivo para ser quase uma questão de sobrevivência. Esse é um desafio e as empresas têm que incorporar isso e adotar cada vez mais esse mindset inovador, metodologias ágeis, errar e corrigir rápido. Uma prática que tem sido adotada e muito bem-sucedida por muitas corporações é a inovação aberta, que é você se aproximar de startups para que elas possam auxiliá-lo a resolver seus desafios; porque dificilmente uma empresa vai ter todos os skills, desde pessoas, recursos financeiros, etc. Por isso, essa aproximação é fundamental para que você possa inovar na velocidade em que o mercado exige.

Há um perfil de uma pessoa inovadora? E o administrador inovador? O que mais deve ser agregado a ele?

Em relação à inovação muito se confunde a pessoa inovadora com aquela pessoa indisciplinada, que sempre busca caminhos diferentes para tudo. Mas não, a inovação é em relação a um processo, que tem metodologia, que ajuda você a encontrar soluções inovadoras. Mas por natureza eu acho que tem que existir um inconformismo, principalmente pela pessoa que lidera a inovação; inconformismo de que sempre há formas de melhorar o que está acontecendo. E, além disso, olhando para fora da companhia, é preciso ser uma pessoa antenada, próxima da inovação, vendo o que tem sido criado não só no Brasil, mas no mundo naquele mercado, para que isso possa ser absorvido dentro da própria empresa. Acredito que esse perfil é fundamental para quem lidera o processo de inovação dentro da companhia. Porém, lembro também que é uma ciência, que existe muita metodologia por trás, e não simplesmente ações isoladas que vão tornar uma empresa inovadora.

Você tem algumas dicas ou orientações para que os administradores possam ser mais inovadores nas suas funções?

A grande dica é que aquele administrador que achar que as coisas vão continuar sendo como sempre foram, ele está fadado ao insucesso. A pandemia nos mostra isso, é um antecipador de futuros, as tendências que iam acontecer nos próximos anos estão acontecendo em meses ou semanas. Muitos negócios vão acabar e muitos outros vão nascer, muitos serão reinventados e acho que este tEm que ser o mindset constante do administrador a partir de então. Sempre pensar que existem formas melhores de fazer aquele produto ou serviço que está sendo prestado, sempre ficar atento para o que está acontecendo no mundo, nos ecossistemas de inovação, porque certamente tem alguém pensando naquela solução, e muitas vezes se você não consegue fazer dentro de casa, aproxime-se de quem já está fazendo muito bem. Acho que tem muito esta questão do ‘coopetition’; você cooperar com os teus competidores porque o mundo vai exigir cada vez mais inovação e as companhias que irão sobreviver serão as que estiverem alinhadas com isso.